Meus filhos sempre foram criativos com a comida. Especialmente com a comida que eles gostam.
Sempre criamos lembranças afetivas durante as refeições. É assim desde que são pequenininhos.
O mais velho por exemplo, quando satisfeito dizia: “mamãe eu tô cheio de barriga” e aquele era um momento de boas risadas.
Na época da pandemia, em pleno isolamento, estávamos trancados em casa em pleno carnaval. Parece que foi ontem, mas lá se foram longos quatro anos de lá pra cá.
Eis que numa tarde experimentaram pela primeira vez um misto quente, o famoso pão de forma com presunto e queijo, que Miguel, no auge da sua criatividade apelidou “pão de carnaval” e permanece assim até hoje.
São bons momentos de boas risadas quando eles pedem a iguaria pelo “nosso nome” em padarias e bares que passamos no dia a dia.
Tem também a “picoca” que é fácil traduzir, o “leite no caneco” vulgo leite com achocolatado, “queijo da moça” que só pode ser um específico, de um lugar específico e cortado no supermercado pela moça do atendimento, vulgo queijo canastra pra quem não tem um tradutor automático como eu.
Esses são alguns exemplos que se sentarmos juntos uns minutinhos enchemos uma lista extensa e muitas memórias resgatadas.
O fato é que comida carrega história e elas são sempre as melhores.
Mãe que é mãe faz das “tripas coração” pra fazer com que os filhos se alimentem direitinho e aprendam a escolher os mais saudáveis e nutritivos. Este não é um desafio de simples resolução. Nem nós, mamães, desistimos tão facilmente.
Eis que o meu caçulinha depois de uma certa idade, não quis mais conta com as frutinhas, logo ele que chupava até limão. Foi do nada, de repente, fazia careta e não tinha santo nem reza que fazia o menino comer. Até hoje tento me contentar com uma manguinha picada ou uns gominhos de mexerica vez ou outra. E assim foi a vez dele criar uma comidinha com a sua marca de criatividade registrada.
Pediu pão de forma, integral minha gente, pra felicidade da mamãe, feito na torradeira com três traços de aquecimento como ele bem gosta frisar, e quando servi pela primeira vez, pediu pra que retirasse a casquinha… e desde então, na hora do lanche, o pedido é: mamãe, quero “leite no caneco” e “pão sem casquinha”
E não é preciso mais nada para seus olhinhos curiosos brilharem de diversão.
Só sei que, desde então, eu só como essas lindas e milimetricamente cortadas, casquinhas de pão.
Alguma identificação por aí?
Se sim, comenta!
Adriana C. A. Figueiredo
Autora de livros incríveis e mãe de Miguel e Rafael
Eu escrevo e amo romances, mas não se engane, a mamãe está em cada palavra e nas causas que eu considero importantes para fazer minha parte e tornar o mundo, um lugar melhor pra viver.
Vem fazer parte disso comigo!
Por aqui também é muito difícil frutas, doces acabam vencendo sem dó
Amei o “mamãe tô cheio de barriga” ahhh