Hoje é o dia internacional da mulher e a gente celebra, mesmo quando a relevância do papel feminino na nossa sociedade ainda não seja reconhecido de fato.
Hoje não vou escrever sobre a luta, sobre a dor e muito menos sobre cada uma das pequenas vitórias que conquistamos ao longo de tanto tempo. Embora estes sejam os principais motivos desse dia.
Não vou falar do esforço repetitivo de tantas mulheres que viveram em tempos tão mais difíceis que o meu, que o seu talvez.
Não vou mencionar minhas lutas pessoais, profissionais e de classe buscando um lugar justo e seguro pra usar minha voz.
Não vou, porque apesar do clima de celebração, ainda há um caminho longo a percorrer, ainda há mais olhos inquisidores do que de acolhimento para o olhar feminino sobre a vida, ainda há mulheres sendo espancadas e mortas neste instante, em todos os lugares e isso é uma realidade que a maioria não vê e quando vê, não considera legítima. A culpa é sempre da vítima.
Não vou falar da dor de ter a voz silenciada, nem do medo de andar sozinha em lugares escuros.
Não vou falar dos abusos psicológicos que não matam rapidamente, mas que perfuram de dentro pra fora e matam aos poucos, minando as forças e a coragem de enfrentar o desamor.
Há muito luto neste celebrar…
Luto por tantas mulheres que nunca puderam sentir o gosto de um ato de amor. Logo elas que sempre espalharam os mais nobres sentimentos.
Hoje não quero celebrar, me desculpem aqueles que esperam este dia, apenas um dia, para valorizar quem nós somos, isso não importa mais.
O que importa é o cotidiano.
O que importa é o respeito, a emparia, o cuidado, a compaixão. O que importa são as pequenas atitudes, que somadas podem mudar muita coisa.
Não queremos o lugar de ninguém. O nosso lugar é muito específico na sociedade. O que queremos é mudar essa lógica infame que faz de nós objeto e não sujeito das próprias ações. O que queremos é poder olhar para fora e pertencer.
O que eu quero, o que nós queremos, é igualdade e igualdade a gente só conquista com justiça, com reparação histórica e com oportunidade de mostrar o nosso verdadeiro valor.
Portanto, hoje é sim, mais um dia para lutar…
Feliz dia de luta para todas nós mulheres, que sabemos como ninguém que essa causa é exclusivamente NOSSA… e parece não ter fim…
Adriana C. A. Figueiredo
Autora de livros incríveis e mãe de Miguel e Rafael
Eu escrevo e amo romances, mas não se engane, a mamãe está em cada palavra e nas causas que eu considero importantes para fazer minha parte e tornar o mundo, um lugar melhor pra viver.
Vem fazer parte disso comigo!