- Opinião -
Está no ar uma nova minissérie da Netflix intitulada Cassandra, que está entre as TOPs de 2025 em audiência.
Acredito que o que a colocou no Topo, sem dúvida alguma, foi a relação da IA com as assistentes domésticas eletrônicas como a grande revolução do século, mas vá com calma, essa história não é sobre isso. E digo mais, ela ultrapassa muitos limites e começa, de fato, muito antes do que imaginamos.
A minissérie é alemã e isso diz muito sobre as tecnologias envolvidas nos afazeres domésticos, já que é de lá que provém muitos dos robôs de limpeza altamente tecnológicos que inclusive temos em casa.
Quando falamos de uma série de TV que retrata o uso de tecnologias especialmente sobre casas inteligentes e totalmente integradas pensamos em questões futuristas. Coisas que ainda não imaginamos mas que podem ser. Tudo no campo do imaginário.
Já em Cassandra, o caminho é inverso, as tecnologias remetem ao passado e literalmente dão um nó na nossa cabeça. Aqui tem muito mais de ficção científica do que de fato a própria tecnologia. Envolve o desejo humano pela eternidade, implícito em nossa essência desde o nascimento com a certeza do fim. E aqui um parêntese importante: uma mãe jamais quer morrer e deixar um filho desamparado, nasceu mãe, nasceu o medo da morte e consequentemente do fim.
Será que dá para brincar de “deus” e burlar o tempo para permanecer aqui mais um pouquinho usando a tecnologia? Essa é uma das muitas questões nesta história.
Não dá pra falar dela, sem trazer spoilers, se você não gosta, pare a leitura por aqui. E volte depois que assistir. Eu garanto que você não vai conseguir parar.
Limites éticos entre a ciência e a própria evolução histórica dos recursos tecnológicos que proporcionaram e ainda proporcionam a evolução de tratamentos médicos e clínicos, você encontra em Cassandra.
Ao longo de uma trama muito bem arquitetada a personagem principal, que não é humana, mas tem alma, é facilmente reconhecida e suas atitudes acabam se justificando de uma maneira torta.
Esbarramos em muitos pontos de atenção como a ética, a moral, o bullying, a saúde mental, o suicídio, o abandono parental, a mulher como cuidadora e o valor subestimado do trabalho invisível e arrisco até no colapso desse não reconhecimento ultrapassando gerações.
Cassandra não é sobre a IA, mas é sobre a dependência inexplicável que as tecnologias implantaram em nossas vidas. Cassandra é sobre a manipulação e a anulação do conhecimento humano em relação à máquina e também sobre a perda de controle que ela inevitavelmente traz. E aqui, como amante da mitologia grega e tantas verdades implícitas que ela deixou de herança para as novas civilizações, destaco o Mito de Cassandra, que tinha o dom da profecia, mas ninguém acreditava no que ela previa para o futuro.
A nova Cassandra, que no começo da série até cogitei ser parente bem próxima de Alexa, nossa bastante conhecida assistente de inteligência doméstica atual, nada tem a ver com ela a começar pela sua capacidade inimaginável de expressar emoções humanas, o que a meu ver não está longe de acontecer.
Mas quero aqui deixar algumas reflexões:
Até que ponto as tecnologias são utilizadas para facilitar e otimizar o tempo que gastamos executando tarefas rotineiras dentro de nossas casas?
Até que ponto estudos científicos podem ser realizados em humanos e quiçá em animais para chegar enfim a se tornar um benefício? Quais são os limites éticos envolvidos nisso?
Até que ponto temos as ferramentas tecnológicas a nosso favor? Ou desde quando, na verdade são elas que detém o controle sobre nós mesmos e a nossa vida?
Acho que Cassandra é uma história para provocar reflexões e no final das contas, acabei não dando tantos spoilers, mas deixo aqui o convite para que você assista e tire suas próprias conclusões. Só não se esqueça de embarcar nessa história, sabendo que apesar de haver tecnologias envolvidas em um tempo muito anterior ao nosso, já dá para ver que desde sempre a tentativa de dar às máquinas, traços de humanidade existe, mas até onde chegamos com isso, pode ou não, ser uma mera coincidência.
Qual é a sua opinião sobre isso?
Adriana C. A. Figueiredo
Autora de livros incríveis e mãe de Miguel e Rafael
Eu escrevo e amo romances, mas não se engane, a mamãe está em cada palavra e nas causas que eu considero importantes para fazer minha parte e tornar o mundo, um lugar melhor pra viver.
Vem fazer parte disso comigo!
Menina, que resenha hein. Agora vou ter que assistir. Volto aqui pra trocarmos ideias.